terça-feira, 25 de maio de 2010

SÍNDROME

“Sobre a suposta falta de jeito da Dilma como candidata, ou no que a Dilma não é nada como o Lula. Há tempos escrevi que vivíamos num vai e vem entre duas formas de ditadura, a ditadura mesmo e a ditadura da personalidade. Só Dutra, Sarney e Itamar, não por acaso três homens com nenhum carisma, que foram mais transições do que presidentes, escaparam da síndrome. O governo Juscelino foi normal só na fachada, já que poucas vezes uma personalidade determinou a política de uma era como a dele, mesmo respeitando as formalidades democráticas.

A síndrome é antiga. Depois do Estado Novo veio o Dutra, depois da breve volta do Getúlio e dos anos com a grife JK veio o Jânio, uma espécie de apoteose burlesca do poder personalizado.

Depois da renúncia de Jânio, da frustração com Jango, dos vinte anos de governo de generais intercambiáveis e da transição Sarney, Collor, para mostrar que a nação não aprendera com Jânio a desconfiar dos homens providenciais.

Na origem desta alternância entre duas formas de poder excepcional, sem cara ou com cara demais, estava uma descrença nacional com as regras de uma democracia ortodoxa. Só acreditávamos em exceções das regras. Nossas opções eram os ditadores ou os malucos, com curtos intervalos de ortodoxia.
Só a proteção de um Deus, que, se não é brasileiro, é simpatizante, nos poupou de alguém que acumulasse as duas condições, de ditador e doido.

O governo Fernando Henrique, na minha opinião, significou uma volta à ditadura da personalidade. Ele não era nem maluco nem discricionário, mas a soma dos seus atributos pessoais que incluíam desde a simpatia e a boa estampa até a inibição que sua biografia impunha aos críticos lhe dava um poder que só podia ser chamado de exceção. A indulgência da imprensa e do público que o reelegeu se explica pelo fascínio da personalidade. O que seria um presidente realmente moderno, símbolo de uma maturidade política finalmente alcançada, na verdade fazia parte da velha alternância entre o poder autoritário e o poder como sortilégio.

O que veio depois foi, está sendo, um exemplo ainda mais claro desta constante.
Lula continuar com os mesmos índices de popularidade quase no fim do seu governo, apesar do massacre da grande imprensa, mostra que a sua personalidade se impôs a tudo. Nunca antes na história deste país, desde, quem sabe, Getúlio, houve um sortilégio maior que o do Lula, que também não é nem maluco nem totalitário, graças ao nosso amigo Deus.

Dilma no governo seria uma anti-Lula para confirmar a síndrome do nosso vai e vem. Serra, outro sem nenhum sortilégio aparente, também”.
 
Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A santidade da música católica

Hoje é muito difícil pregar para agradar a todos. E a catolicidade da Igreja, hoje, é muitas vezes usada de maneira errada. A música católica é expressão de vida, de grande amor por Jesus, e contém esse caráter de expiação, de dor, amor e alegria pelo Senhor. E nós, e aqueles que são chamados a dar a vida através da música, precisamos conhecê-la.

Busquei algumas coisas sobre a música sacra dentro da nossa Igreja neste livro do Padre Gabriele Amorth, que nos ensina a cantar com a nossa vida.

O que é profano não tem como entrar, pois não consegue aderir ao sagrado que é a Igreja. É como água e óleo. Nós não temos a intenção de condenar a ninguém, mas sim que todos tenham um encontro pessoal com o amor do Senhor. Nós queremos orientar.

Este livro, todo músico católico deveria ler. "É certo, porém, que a música que leva o coração a adoração em Espirito e Verdade, não pode levar ao êxtase e a sensualidade".
Vejam, amados jovens. Vocês que gostam do rock, axé e samba. É muito difícil purificar essas coisas, porque o ritmo vai expressando a sensualidade do corpo. E nós vamos pensando que tudo é em nome da conversão. Cuidado!As seitas também fazem isso.
Outra realidade que hoje também é muito perigosa: perder a simplicidade. Cuidado com o modo de vestir e a sensualidade nas roupas para cantar.
Eu gostaria que vocês lessem esse artigo de pesquisas realizadas que mostram jovens batendo a cabeça uns nos outros nos shows de música católica. O músico católico é aquele que canta a sua vida, canta a Tradição da Igreja, aquilo que ele crê. Eu canto para a glória da Igreja, e não para o meu interesse pessoal. E é preciso escutar as orientações da Igreja.
Eu estou falando como pastor. Cuidado! Nós não precisamos imitar o que é profano. O Espirito Santo pode nos dar o que é mais lindo. Por isso, o músico deve cantar a Deus, cantar a dor. É preciso cantar a renúncia, que damos o nosso suor naquilo que vivemos.

Eu não sou ministro de música. Sou um sacerdote de Deus, como tantos neste Brasil. Mas o que queremos é cada vez mais honrar a nossa música católica. Por isso, não cabe música protestante na nossa Liturgia Católica. Não podemos abrir para termos aquilo que não acredita na Liturgia Católica, que é do céu.
O musico católico não é um produto. Não se sinta um produto. O seu canto não é um produto, porque de graça recebemos, de graça damos.

Hoje, muitos dos nossos pobres não têm acesso à música católica e não podem mais ir a um show, porque não podem pagar. Muitas vezes, imitam-se as coisas do mundo, de que é preciso ganhar dinheiro. E o Senhor disse: "de graça recebestes, de graça deveis dar".

É preciso a comunhão no mundo da música católica. Um grupo evangélico construiu um grande estúdio de gravação só para eles, com os direitos autorais de músicas que um padre gravou. Não é verdade que para a Igreja Católica pode tudo, que pode colocar todos os ritmos na liturgia Isso não é verdade, porque ela tem a sua essência. E é para o louvor da Igreja que estamos aqui.

Senhor faz passar a reparação pelo coração dos cantores e das cantoras católicas, porque o nosso cantar é único. E não é orgulho não, é muito da nossa alma. E o noso tesouro é imenso. Não copie o que é profano.
Com muito amor, diz o padre Gabrielli, que o rock é um grito de rebeldia do demônio contra Deus. E isso fica muito claro nas músicas de rock satânico. A conversão é um dom de Deus e não depende daquilo que você está escutando.

E disse o nosso Santo Padre, o Papa Bento XVI: “Sem recolhimento não há profundidade”. E o Espirito Santo tem falado porque a juventude não tem se convertido como antes. Não estou falando de silêncio exterior, mas de recolhimento interior. Por que você precisa ouvir o que Deus está falando a você naquele momento de uma música de louvor.

Quando eu ia aos encontros de louvor, quando o músico falava, quando ele fechava os olhos, a música ficava em segundo lugar, porque ele estava ali expressando a busca de santidade da sua vida, que é o que leva a conversão. Se houver uma contradição entre as duas formas de comunicação – a verbal e aquilo que a pessoa está vendo – o que a pessoa vê, fica abatido por aquilo que se está ouvindo.

O rock religioso leva o seu seguidor de volta ao rock secular. Filho e filha, o Hallel é uma certeza de que muitos jovens serão levados a um impacto com Deus. E os jovens querem chegar aqui e ter um impacto com o céu. Aqui, eles querem encontrar o novo, porque o que era velho se faz novo. E o magnificat da Virgem deve ecoar em todo este lugar, deve arrastar o jovem que está nas drogas, na prostituição para este lugar. Que eles venham, porque aqui eles vão encontrar Deus.

A Igreja Católica não precisa de artistas, mas de santos. A juventude precisa escutar aquilo que é de Deus e não aquilo que eles querem escutar. Nem tudo é mel, mas tem também a dor da picada da abelha. É preciso a dor. E não dá para cantar axé, rock sem que o ritmo os leve à sensualidade. Quantos pecados entram por causa do ritmo do rock... Porque a porta está aberta.

Você não veio aqui só para se divertir. Canta para Deus!

Transcrição: Célia Grego FONTE: Canção Nova